Em áudio gravado dias antes de morrer, o servidor da Secretaria de Saúde de Santa Rita, Genilson Simões, revela o que seriam os bastidores da gestão do prefeito Emerson Panta em meio ao combate à pandemia do novo Coronavírus na cidade.
Em uma fala quase que desesperada, Simões afirma ter sido posto para trabalhar na linha de frente do enfrentamento à Covid-19 sem qualquer condição para tal.
Segundo a família, o rapaz era diabético, hipertenso e tinha histórico de insuficiência renal na família. Sua mãe faleceu em decorrência do problema, em pleno tratamento dialítico.
Em sua fala, Genilson faz revelações que comprometem a gestão municipal no que diz respeito ao tratamento dispensado aos servidores e a negligência com a falta organização na distribuição de EPI’s.
“Pelo amor de Deus, eu acho que já peguei, ‘despeguei’, peguei de novo, entendesse? Eu vou fazer teste pra quê, homi, pelo amor de Deus. Já me deu for de barriga, febre, dor de cabeça, já remelou os olhos, o corpo todo doído, e agora pra acabar de me arrombar o resto, ainda me botaram na ambulância. A desgraça da ambulância sem a proteção do meio, a gente só com um par de luva”, disse.
Genilson também chama atenção para as más confeições de trabalho e para o risco por que passam os servidores da saúde santarritense, ao ter que trabalharem de forma inadequada e sem os equipamentos de proteção, o que pode levar os profissionais de linha de frente à morte.
Sem experiência de condutor e com restrições para o trabalho na saúde neste momento de pandemia por pertencer ao grupo de risco, o então servidor afirma no áudio ter sido posto para trabalhar em uma ambulância, sem proteção e sem os EPI’s adequados. Ele fala da tensão de outros profissionais durante a rotina de trabalho em Santa Rita.
“Olha eu não vou dizer nada, mas tão pedindo pra alguém tomar no c*, entendeu? E eu disse à coordenadora ‘você quer me matar, é? Você me bota numa ambulância sem experiência na área’, não nos fornece EPI, aquela desgraça daquela viseira de acrílico, não tinha, a enfermeira com o c* na mão com medo também porque não tinha equipamento, já pedi à menina lá do CER um avental pra gente trabalhar o dia todo”, pontua.
Por fim, Genilson fala da falta de organização na distribuição dos equipamentos de proteção e demonstra já ter desistido de convencer os seus superiores do perigo que corria por causa dos seus problemas de saúde, em meio ao trabalho de combate ao Coronavírus no município.
“Então tá faltando organização no fornecimento dos equipamentos, porque os equipamentos tem na prefeitura, mas parece que esse povo tem um rei dentro do c*, só visa o rabo deles. Então, eu não to nem aí pra essa desgraça, entendesse?”, finaliza.
OUÇA: https://youtu.be/WPdj-WlHosk
Em contato com a redação, o vereador Sebastião do Sindicato informou que vai encaminhar denunciar ao procurador Eduardo Varandas do Ministério Público Federal do Trabalho para que seja investigado a morte do funcionário